quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Da palavra: refrações de Emily Dickinson




1212.
A word is dead 
when it is said, 
some say.
I say it just 
begins to live 
that day.




"Morrem após
calar-se a voz",
ouvi.
Penso, porém,
que nascem bem
ali.

"Perece após
calar-se a voz",
dizeis.
Digo, porém,
que viva enfim
se fez.

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Mary Elizabeth Frye: em ocasião do Dia de Finados.




Não chore aos pés de meu jazigo:
Lá não estou; lá não me abrigo.
Eu sou mil ventos sem destino,
Da neve o brilho diamantino,
Raios de sol sobre a colheita,
Águas que o doce outono deita.
Quando acordar, na paz de um novo dia,
Serei a dança fugidia
Em espiral de aves no céu,
E estrelas sobre o negro véu.
Não chore, enfim, não chore ali:
Lá não estou. Eu não morri.

*

Do not stand at my grave and weep 
I am not there. I do not sleep. 
I am a thousand winds that blow. 
I am the diamond glints on snow. 
I am the sunlight on ripened grain. 
I am the gentle autumn rain. 
When you awaken in the morning's hush 
I am the swift uplifting rush 
Of quiet birds in circled flight. 
I am the soft stars that shine at night. 
Do not stand at my grave and cry; 
I am not there. I did not die.

quinta-feira, 5 de outubro de 2017


Lá, no descampado,
Solitário boi rumina
A ideia do abate.

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Uma canção do Les Mis.



terça-feira, 29 de agosto de 2017

RETER A SETA RARA



domingo, 6 de agosto de 2017

Ao aniversário de Alfred, Lord Tennyson (1809–1892)




sexta-feira, 28 de julho de 2017


Arranha-céu que se eleva
sobre a planta de uma ponte,

se bem que ponte estendida
sobre tempo, não espaço:

todo poema é uma queda
que finda no mesmo Onde,

toda poesia
uma reinvenção do Acaso.

quarta-feira, 17 de maio de 2017

Um concreto pra variar.

Uma versão atualizada disto aqui

segunda-feira, 15 de maio de 2017

Pietà

("Madonna dos Lírios" e "Pieta", Bouguereau)


À minha mãe.

Morre Cristo. De sangue e lágrimas coberto,
Dorme sobre o Calvário à nona hora do dia;
Por três cravos suspensa, a Carne que tremia
Cessa o tremor enfim, e o Espírito é liberto.

"Por que me abandonaste, ó Pai? Por quê?", gemia
Pouco antes de expirar, havendo o seio aberto
Aos vagalhões do oceano e à aridez do deserto.
Sem resposta do Céu, chorou. E eis que Maria,

Ao ver o Cristo em sangue e lágrimas desfeito,
De pronto suplicou: "Senhor, dá-me essa cruz;
Dá que eu - Não Ele! - arraste o mundo junto ao peito!"

E entre o escárnio da terra e o divinal exílio,
Clamou em desalento o nome de Jesus,
Que, antes de Redentor e Deus, era seu filho.



05 / 2017

09 / 06 / 2017: Acabo de descobrir que meu soneto "Pietà" foi lido e publicado por ninguém menos que Roberto Mallet. Muito feliz com a surpresa e com a atenção ao poema. A leitura está belíssima.

quarta-feira, 29 de março de 2017

Uma canção dos Lannister, de Game of Thrones.


And who are you, the proud lord said,
that I must bow so low?
Only a cat of a different coat,
that's all the truth I know.

In a coat of gold or a coat of red,
a lion still has claws,
And mine are long and sharp, my lord,
as long and sharp as yours.

And so he spoke, and so he spoke,
that lord of Castamere,
But now the rains weep o'er his hall,
with no one there to hear.

Yes, now the rains weep o'er his hall,
and not a soul to hear.


sexta-feira, 10 de março de 2017

Porque descobriram uma estátua de Ramsés II na favela do Cairo, e isso é um prato cheio para a trolldução



Fonte: UOL notícias

terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Um soneto de Lovecraft a Poe.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Uma valediction de John Donne.


Publicado originalmente no escamandro.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Blake


Seis horas da manhã: o arrolo singular
das pombas no quintal começa agora.
É sempre assim: às sete, um gato vem miar
e, espantadas, as pombas vão-se embora.

Vênus lambe a janela. Os arrulhos não brotam.
O ar se contrai frio, suspenso, tredo.
As pombinhas, talvez, ainda durmam no sótão;
ou foi o gato que chegou mais cedo?



01 / 2017